Trocar religião por bebida e drogas é trocar uma ilusão por outra
O consumo de bebidas e de drogas, lícitas ou não, é na verdade outro tipo de ilusão. É um erro achar que vícios sejam o extremo oposto das religiões. Não são. O consumo de narcóticos e estimulantes é tão ilusório quanto acreditar em seres invisíveis superpoderosos governando o universo.
Pior: pesquisadores já concluíram, durante décadas, que a religiosidade age no cérebro de forma muito parecida com o consumo de narcóticos. Religiosos chegam até mesmo a ver alucinações. Quando fiéis são convidados a largar a sua crença e raciocinar mais, reagem de forma furiosa, como o drogado convidado a largar o seu vício.
Karl Marx dizia que a religião é o ópio do povo. É verdade, Religiões e drogas se parecem muito. Trocar religiosidade por drogas não vai fazer compreender o mundo real. Ao invés disso, somos convidados a outro tipo de ilusão, mas não menos nociva que a religiosa. Trocamos deuses e dogmas, mas continuamos exaltando deuses e dogmas.
Porque não largar tudo e partir para uma saudável vida sóbria. Vida sóbria é coisa de careta? Não creio. Os bares e boates da moda estão cheios de caretas que, apesar de encherem a cara e ficarem doidões, querem o mundo exatamente do jeito que está, com as mesmas relações de poder e as mesmas injustiças, desigualdades e problemas que insistem em nunca acabar.
Ousado é ter a mente limpa, preparada para entender melhor o mundo real. É uma ingenuidade achar que drogas e bebidas nos revelarão a realidade. Pois como falamos, trocar religião por uma vida desregrada, doidona, na verdade é simplesmente trocar de religião. Há algo de água benta e de hóstia nos narcóticos e bebidas que consumimos.
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