Porque o ateísmo incomoda muita gente?
A ideia de uma Liderança Universal na figura de um homem que vive escondido é facilmente aceita pela sociedade. A necessidade de sociabilização fortalece ainda mais a aceitação desta ideia, já que valores morais que favorecem a confiabilidade estão fortemente relacionadas com a crença nesta Liderança Universal chamada "Deus".
Crer em Deus é importante para a vida social, pois as pessoas ainda acreditam na religiosidade como reguladora da moral e do respeito ao próximo. Há quem não consiga enxergar altruísmo sem fé religiosa. Vários destes costumam misturar altruísmo como fé, como se fossem uma coisa só.
Graças a essa ideia, o ateu é visto como um rebelde anti-bondade, uma pessoa má, pervertida e incontrolável, que merece, no mínimo, o isolamento social. A altíssima popularização da religiosidade acaba criando um espiral do silêncio, onde vários ateus e agnósticos têm que fingir alguma religião para não viver sozinho (e não ficar sem emprego).
Porque o ateísmo incomoda a maioria das pessoas? Porque a simples negação da crença em uma divindade traz tanta discórdia a ponto de gerar violência contra quem se recusa a aderir a um tipo de fé? Porque as pessoas não conseguem entender que fé e credulidade são sinônimos e agem da mesma forma em nossos cérebros?
Isso tem muito a ver com o que falamos. A fé como reguladora do respeito ao próximo. Junto a isso, o resquício de nossa infância da necessidade de ter um tutor: e este Tutor seria Deus. gostamos de ter alguém cuidando de nós e quando ficamos adultos, perdemos a tutela de nossos genitores. mas ainda precisamos de tutela. É aí que entre Deus, o tutor da humanidade.
Mas peraí: porque um só tutor? Porque não vários? A religiosidade supões conservadorismo e conservadorismo supões ordem, organização. E nada mais organizado em acreditar que o universo é controlado por UM SÓ HOMEM. Vários deuses significaria baderna e mesmo que cada religião de um nome diferente ao Controlador do Universo, verifica-se que se trata do mesmo e único Deus.
Por isso que as religiões, exceto algumas menos conhecidas, não admitem o politeísmo. Santos, anjos e "espíritos de luz" são subalternos desse Deus único, como se fossem uma espécie de ministério do "Presidente do Universo". são divindades, mas não deuses. Deus, em si, é um só.
Voltando ao tema proposto, a crença em Deus é defendida pela sociedade porque significa ordem, significa que tudo está sobre controle. Perceber que pessoas, mesmo invisíveis, controlam as nossas vidas nos traz tranquilidade e ilusão de organização. Se há uma pessoa observando, tudo parece tranquilo.
Estamos acostumados a achar que apenas pessoas podem controlar as coisas (ainda não entendemos o fato de que a natureza é auto-reguladora) e por isso pensamos que o universo, os fenômenos naturais e até a nossa moral, são controladas por pessoas, mesmo as invisíveis (ou inexistentes?).
Recusar que somos controlados por pessoas invisíveis (divindades) soa ruim para a grande maioria de pessoas, acostumadas a ver na Terra tudo senso feito por pessoas. Curioso que para reforçar a nossa espiritualidade, usamos exemplos materiais, além de continuarmos pensando que o mundo espiritual funciona igualzinho como na Terra, com ministros, cientistas, administradores, artistas, etc. Mas ninguém leu e nem quer ler Allan Kardec, fazer o quê?
Enquanto não amadurecemos, vamos continuar acreditando que um homem que vive escondido continua a controlar o universo e as nossas vidas. A inteligência suprema causa primária de todas as coisas, tem a obrigação de ser antropomorfizada, para satisfazer as nossas taras infantis, responsáveis pelo emperramento da evolução espiritual de nossa humanidade, ainda aprisionada no mais retrógrado medievalismo.
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