Porque é tão confortável a crença em Deus?

A maioria esmagadora das pessoas acredita em Deus, por mais absurda que seja a ideia de um universo imenso governado por uma só pessoa. Uma pessoa superpoderosa, criada aos moldes dos super-heróis e que mesmo sendo a personificação do amor, age como um tirano. Um doce tirano que nos estimula a mais masoquista submissão.

Quando trombamos com algum ateu, que tenta, com a sua racionalidade ímpar, nos convencer da impossibilidade da existência de Deus, nos revoltamos, a ponto de muitas vezes desejarmos mal ao amigo descrente. Para quem acredita em Deus, não acreditar é uma rebeldia inaceitável. 

Mas porque fazemos tanta questão de acreditar em Deus, mesmo diante da ausência de provas de sua existência. Bom, do contrário que o "Espiritismo" brasileiro alardeia, ainda estamos muito atrasados  como seres humanos. Situamos ainda na mais tenra infância evolutiva. Estamos equivalentes a uma criança de 5 anos e damos sinais de que está longe de sairmos deste estágio.

Na tenra infância, precisamos de um tutor. Mas olhamos ao redor e custamos a encontrar alguém que possa fazer este papel. Há muitas lideranças que consideramos confiáveis, mas como estas são também humanas, cedo ou tarde acabam nos decepcionando. Se não temos um tutor concreto, real, temos que inventar um. É aí que Deus, que vê tudo, mas nunca é visto, entra.

Curioso que ninguém percebeu o ridículo de se acreditar em uma força sem comprovação real de existência. O fato da maioria acreditar em Deus, tira o caráter de ridiculosidade disto. A vida social envolvendo muitos crentes protege-os de cometer gafes. Fica natural acreditar em algo que não existe só porque quase todos acreditam.

Para os "espíritas", contaminados pelo igrejismo medieval de Chico Xavier, reforçaram ainda mais a crença em Deus, atribuindo a ele o caráter de "espírito", o que na verdade é um antropomorfismo do mesmo jeito. Queremos que Deus seja parecido com os homens, porque acostumamos a entender que tudo é feito pelos homens. Mesmo os fenômenos naturais.

Os "espíritas" inventaram uma racionalidade sem raciocínio, uma ciência sem análise e uma fé raciocinada que não enxerga nada, aceitando tudo como é dito, mesmo esbarrando em tudo quanto obstáculo igrejeiro que aparece pela frente.

Acreditar em Deus é muito confortável como é para crianças a crença em um amigo imaginário. Sem tutores reais, desejamos ter um tutor supostamente real, mas que no fundo só existe na mente de cada um. Mas como são bilhões de mentes, cada uma com seu Deus, construído a imagem e semelhança de cada ser humano, ele parece real. Afinal, como negar algo que existe na mente de bilhões de pessoas?

Mas a lógica permite que a natureza seja auto-gestora. A natureza não depende de seres análogos aos humanos para funcionar com perfeição. Mesmo o mundo espiritual, que deveria ser estudado com racionalidade e não tratado como se fosse uma lenda religiosa, não depende de Deus para existir. O mundo espiritual nada mais é do que um mundo em estado físico imaterial, sem corpos. 

Mas ainda somos bastante infantis. Teimosos, continuamos a crer que temos uma espécie de "`Pai Celeste" a nos conduzir, como se nós fossemos meros bonecos de marionete. Um "Pai" construído ao gosto de cada um, apesar de presente no imaginário de quase toda a humanidade, que perde tempo em louvá-lo, ao invés de atuar em prol do bem estar de toda a humanidade.

Deus é muito bom para que nos dispensemos da responsabilidade de transformar este mundo, fazendo com que os problemas e injustiças se perpetuem, pois resolvê-los é uma responsabilidade exclusiva de um ser imaginário que inventamos para nos sentir felizes e acomodados.

O fim das religiões e depois a eliminação de Deus de nossas crenças irá impulsionar a evolução da humanidade, que ciente de sua própria responsabilidade, começará a agir para ser mais racional e mais altruísta, sem esperar que lendas lindas e seres superpoderosos (como o próprio Deus) tenham a responsabilidade de fazer aquilo que recusamos a fazer, graças a nossa preguiça intelectual e ganância crônica, dois dos defeitos que nos aprisionam no atraso mundial.

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