"Você não acredita em Deus? Não importa. Deus acredita em você"
Esta frase também revela uma traição sem pudores ao pensamento de Allan Kardec. Segundo as obras kardecianas, o que se chama de "Deus" é uma "inteligência suprema e causa primária de todas as coisas". Onde está escrito nesta frase de que Deus seria uma pessoa, um espírito, ou algum ser antropomorfo? Segundo a definição de Kardec, Deus pode ser uma ideia, um conjunto de processos.
Isso mostra que o ateísmo espírita é possível, já que ateismo é a não-crença em divindades, em pessoas invisíveis superpoderosas que controlam o universo. A ideia de Deus como um conjunto de leis estudadas pelas ciências parece mais plausível. Mas as religiões insistem no antropomorfismo de Deis porque nosso instinto exige a presença de um tutor, o "Dono do Universo".
A frase que ilustra o título desta postagem, de responsabilidade de quem deturpou sem dó nem piedade o pensamento kardeciano - embora seguidores do "médium" e leigos em "Espiritismo" não percebam isto - é típica de quem acredita e defende a imagem antropomórfica de Deus. A humanidade, em sua tenra infância em um planeta de provas e expiação, necessita de alguém para dizer o que deve ou não ser feito.
A transformação da ideia do controle universal em forma de uma pessoa é muito conveniente para quem não tem a capacidade - ou a coragem - de usar a lógica e desafiar a fé, que nos últimos anos, do contrário do que se esperava, está cada vez mais cega e fanatizada.
Ainda estamos presos a instintos e entre estes, está a necessidade de uma espécie de babá a nos cuidar e a nos dar ordens. A antropomorfização de Deus satisfaz essa necessidade e crer que existe um Gigante Invisível em algum lugar do universo, administrando-o - como fazem as autoridades da Terra - nos tranquiliza e dá a ilusão de que tudo está em perfeita ordem. Ignorando que a natureza é capaz ser auto-gestora.
Com a frase de Chico Xavier, somada a declaração dada por Divaldo Franco anos atrás de que "Deus é um ser de sexo masculino e isso está perfeitamente correto", mostra que o "Espiritismo" brasileiro assumiu sua vocação católico-medieval, rompendo definitivamente do sempre bajulado Allan Kardec, preferindo satisfazer o instinto de fé de seus seguidores do que estimulá-los a pensar.
Porque pensar exige esforço e desafia lideranças. É preciso manter seguidores dopados na plena hipnose religiosa para manter o sistema como está. Por isso que a racionalidade kardeciana precisou ser interrompida para que o "Espiritismo" brasileiro pudesse servir aos senhores da Terra. Tudo sobre a orientação do "Senhor do Universo". Acredite ou não.
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