Vida social obriga as pessoas a acreditar em Deus e ter uma religião

Amigo religioso, faço uma pergunta. Você é temente a Deus? Não responda! Eu mesmo respondo! Certamente que não. Você não teme a Deus. Você teme seus amigos, parentes, colegas e patrões. Você teme aqueles que possam te prejudicar se você não assumir a mesma fé que eles possuem. Você teme ser tratado como um vilão a ser punido por ser confundido graças ao estereótipo de bondade que é relacionado com a fé religiosa, sobretudo a fé cristã (já que a bondade é copyright de Jesus Cristo).

A vida social e os benefícios por ela gerados é que nos faz ser religiosos. A fé em Deus, por estar relacionada a valores considerados nobres pela sociedade, valores relacionados com o respeito humano, é essencial para o bom convívio com as outras pessoas. 

É o que nos faz estar em paz com as outras pessoas, embora muitas guerras tenham sido feitas em nome da fé, já que é importante que todos tenham a mesma crença. E crer no mesmo Deus é garantir a obediência a um código moral que representa este tal respeito humano, pois recusar esta fé significa recusar o respeito humano e recusar a ter esse convívio "saudável" que só a fé pode garantir.

Isso faz com que ateus sofram graves preconceitos, pois são tratados como se fossem rebeldes a desobedecer as ordens divinas, como bandidos a recusarem a seguir a lei imposta pelo Nobre dos Nobres, suposto Habitante dos níveis mais altos do Universo, sendo o proprietário irrecusável de tudo que existe ai nosso redor. 

ESPIRAL DO SILÊNCIO: A NEGAÇÃO DA FÉ NOS ISOLA

A fé religiosa tem muito a ver com aquilo que a cientista alemã Elizabeth Noelle-Neumann classificou como "Espiral do Silêncio". É quanto somos obrigados a recusar nossas ideias, gostos e convicções quando estes se contradizem com o pensamento dominante de um grupo social da qual pertencemos, para que não sejamos reprovados pelos integrantes deste grupo, nos isolando e correndo o risco de perder os benefícios oferecidos pelo mesmo.

Muitas pessoas acabam por se tornar religiosas por uma questão de adaptação social. Você deve ter ouvido falar em religiosos não-praticantes. Sim, são estes os não-religiosos que seguindo o espiral do silêncio, acabam por virar religiosos sem ter que seguir alguma crença, muito mais por desejar obter os benefícios que o grupo, tradicionalmente religioso, é capaz de oferecer.

A religiosidade começa a desaparecer em sociedades em que a fé começa a se tornar desnecessária ao conceitos coletivos de bondade e de respeito humano. Sociedades com melhor educação e qualidade de vida já não associam mais noções de bom convívio humano a crença em um Deus e à leis criadas pela religiosidade. 

Enquanto isso, em sociedades cronicamente problemáticas, com educação ruim e autoridades materiais que perdem a sua confiabilidade, a fé religiosa segue forte e em alguns casos gerando uma certa histeria. O Brasil se encontra nesta situação e se prepara em criar uma espécie de fundamentalismo cristão, quando a fé se impõe aos costumes do cotidiano de forma autoritária e inquestionável.

Certamente o convívio com pessoas que acreditam de forma teimosa na fé cristã nos faz a ter a mesma fé, para que não percamos os benefícios do convívio social. Não é de Deus que temos medo e sim das pessoas com quem convivemos. 

Pois acreditar se tornou uma questão de moral, pois para muitos só seremos bons se obedecermos cegamente aquele que chamamos de "Deus", regulador máximo daquilo que chamamos de bondade. Já que a bondade, para nós, virou um direito autoral de quem segue uma determinada crença e não da necessidade de respeitarmos o direito alheio, que não depende da crença em dogmas surreais e seres superpoderosos, como o próprio Deus da religiões cristãs.

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