Crença em Deus é exigência social

Você acha lógico que o universo, infinito e em expansão, esteja sob o controle de uma única pessoa? Pode ser que você não ache, mas gigantesca parte da humanidade acha não somente possível como irrefutável. Para muitos, tudo que acontece no universo existe graças ao comando de uma única pessoa, uma liderança ultrapoderosa conhecida como "Deus".

Na verdade, a crença e Deus, além de ser um instinto, ligado a nossa necessidade de ter um tutor, mesmo irreal, pois ainda nos achamos incapazes de fazer as coisas por conta própria, foi consagrada através dos tempos por lideranças que se julgavam "enviadas" por esta entidade divina e que conseguiam convencer muitas pessoas incapazes de entender que a natureza é auto-gestora, dispensando a ação de seres humanos para que tudo ocorra de forma adequada.

Somada a confiança em lideranças religiosas que se aproveitam do caráter de divinização para que se tornem "absolutos" e por consequência, altamente influentes, a crença em uma divindade máxima foi consagrada pelas regras sociais, por estar relacionado a conceitos estereotipados de bondade que não conseguem ser compreendidos de outra forma, visto a precariedade intelectual de quem prioriza a fé em detrimento da razão.

A crença em Deus está ligada a obediência cega a uma liderança máxima. O ateu é visto como um rebelde irresponsável, capaz das maiores atrocidades. O ateu é tratado como alguém fora de controle, pois não se acha vinculado a uma autoridade reguladora, cuja definição máxima se encontra no próprio Deus. 

A crença em Deus é tratada falsamente como uma adequação à ordem, à organização, ao equilíbrio. O ateísmo é tratada como uma forma de desobediência capaz de gerar danos, por estar desvinculada ao estereótipo de bondade consagrado pela fé religiosa.

Para muitos, mesmo que não haja a crença em uma seita ou em dogmas, a própria aceitação da existência de Deus é suficiente para dar uma tranquilidade social, pois acredita-se que isso signifique ao cumprimento de regras de bondade que supostamente eliminam as possibilidades de algum dano às outras pessoas. 

Por isso que ateus são estigmatizados como pessoas "más", embora inúmeras pesquisas comprovem que mais de 90% dos crimes são cometidos por religiosos, alguns deles estimulados pela intolerância às crenças - e a não-crença - alheias. 

O ateu é tido como "mau" por não obedecer a "bondade" imposta pela crença em Deus, apesar da bondade ateia ser mais espontânea por não estar vinculada a um código burocrático de conduta. A bondade religiosa é forçada, compulsória e visa uma premiação: uma espécie de bondade que exige retorno, seja de que forma for.

A sociedade exige a crença e Deus por acreditar que isso garanta uma forma de bondade que mesmo sem ser espontânea, possa ser colocada em prática, mesmo com resultados pífios - como caridade paliativa praticada por instituições de caridade religiosas, incapazes de tirar pessoas da condição de pobreza - mas que agradam aos que esperam formas de altruísmo mais ostensivas.

A humanidade ainda segue refém da fé religiosa, que no fundo é a confusão que trata uma mera forma de mitologia como fatos reais ocorridos em um passado remoto, o que reforça ainda mais a crença em um Homem Ultrapoderoso a controlar o universo. 

Quando pararmos de acreditar na existência dessa Mega-divindade e nas lendas que as religiões vivem a despejar em nossas caras, a humanidade poderá começar a se evoluir, caminhando com as próprias pernas e usando melhor o cérebro (esta maravilhosa máquina tão fora de uso ultimamente), sem ter que acreditar em formas estereotipadas e precárias de altruísmo para se sentir socialmente responsável.

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